A espondilolistese é o escorregamento (deslizamento) de uma vértebra por cima de outra (vertébra adjacente).Este escorregamento na grande maioria das vezes é para a frente, chamado anterolistese mas também podem ocorrer deslizamentos laterais (laterolistese) e posteriores (retrolistese).
O escorregamento pode se tornar progressivo, ou seja, aumentando durante o tempo, o que requer uma atenção especial. Essa progressão pode acarretar dor lombar e compressão das estruturas neurais dentro do canal vertebral, causando dor irradiada para as pernas e pés com formigamento (parestesia) e perda de força.
Existem 5 tipos principais de espondilolistese, dentre elas:
Tipo 1 - chamado displásico. Ocorre devido a um defeito congênito (nascimento e formação das vértebras), na qual as articulações facetárias são formadas de maneira diferente do usual, facilitando então o deslizamento gradual da vértebra. O local mais comum é na vértebra L5 ( quinta e última vértebra lombar). A faixa etária mais comum de ocorrência é a infantil.
Tipo 2 - chamada Istmica ou Lítica. Ocorre devido a uma fratura (quebra óssea) no local da pars interarticularis (região óssea muito fina na parte posterior da vértebra). Essa fratura é chamada espondilólise (vide texto referente). Esta é a espondilolistese mais comum de todas. Na maioria das vezes essa fratura (espondilólise) ocorre devido a fatores como acentuação da curvatura lombar (hiperlordose) associado a fatores como movimentos repetitivos em extensão (ginastas, basquetebol, etc). Normalmente ocorre em adolescentes e adultos jovens. A espondilolistese lítica ou Istmica pode se subdividir em 3 partes: 2A - fratura por estresse em hiperextensão ; 2B - fraturas que acabam consolidando "cicatrizando”em partes, e o osso então é alongado ; 2C - mais rara de todas. É uma fratura aguda por algum traumatismo.
Tipo 3 - Degenerativa. Segunda mais frequente. A degeneração (envelhecimento natural) que ocorre na coluna vertebral, sobrecarrega as articulações facetarias "dobradiças” da coluna e faz com que as vértebras se movimentem de forma anormal ou com folga (instabilidade). Essa instabilidade ocasiona o deslizamento da vértebra para frente (mais comum), para o lado ou para trás. Este tipo de espondilolistese é mais comum em adultos e idosos (pelo próprio envelhecimento) e na região de L4L5 (pode estar presente em outras vértebras também). Muitas vezes ocorre o fechamento (estenose) do canal medular e a compressão das estruturas nervosas (nervos) que ali passam.
Tipo 4 - Traumática. Ocorre por um evento súbito de alta energia (acidentes, quedas de altura, movimentos traumáticos) com fratura de elementos ósseos posteriores da coluna. A ocorrência é pouco comum.
Tipo 5 - Patológica. Este tipo ocorre por uma fraqueza do osso na região posterior devido a um processo na estrutura óssea (tumores, etc).
Causas de Espondilolistese: Espondilólise
O diagnóstico é realizado através da consulta médica e de radiografias da coluna vertebral. Quando o deslizamento supera 50%, muitas vezes é possível palpar um desnível na região lombar.
Alguns exames com maior detalhes podem ser solicitados como a Ressonância Magnética. Esse exame permite a visualização de estruturas com mais detalhes, no intuito de verificar se há compressão das raizes nervosas dentro do canal medular ou forâmen, assim como planejamento cirúrgico.
O mais importante é que seu Cirurgião de Coluna tenha a capacidade de definir SE A SUA DOR É PROVENIENTE da espondilolistese OU NÃO. Muitas vezes o paciente apresenta um quadro de dor lombar que não é específica (inespecífica) e não se correlaciona com a espondilolistese. Essa dor pode ser muscular ou de outras regiões que não a coluna lombar. Por isso recomendamos uma consulta especializada e detalhada.
Exame de Tomografia demonstrando o escorregamento da vértebra (Espondilolistese)
A grande maioria dos pacientes desenvolvem a espondilólise (fratura na pars) durante a infância ou adolescência e NÃO apresentam sintomas até a idade adulta (30-35 anos de idade).
O quadro de dor aguda pode então se iniciar após algum movimento de torção, carga de peso ou extensão abrupta. Normalmente a dor é na região inferior das costas (lombar) com irradiação para as nádegas (glúteos) e para a região posterior da coxa. O paciente apresenta contraturas musculares nessa região (sensação de travamento) que pode perdurar alguns dias e gradativamente vai melhorando com uso de medicações, relaxamento muscular e alongamento leve.
Sintomas de dor que se irradia além da coxa, ou seja, até a perna e pé podem ser decorrentes de compressão de alguma raiz nervosa (mais comumente raiz de L5). Quando ocorre compressão, o paciente pode apresentar formigamentos (parestesias), perda de força no pé (dificuldade para caminhar) e dor intensa.
Os sintomas de dor não se correlacionam com o grau de deslizamento. Pacientes com graus menores (1-2) podem ter mais sintomas que grau 3 por exemplo.
Pacientes podem desenvolver quadro de dor lombar crônica devido a espondilolistese. Por isso que o tratamento recomendado é um uma equipe MultiDisciplinar: médico especialista em coluna, fisioterapeuta, psicologo e educador físico.
Esses pacientes precisam ser acompanhados periodicamente para revisão dos seus sintomas, reavaliação do risco de progressão (aumento do deslizamento) e ajuste de tratamento (medicações e orientações).
Sintomas: Dor da espondilolistese
Classificamos a espondilolistese pela sua causa (conforme escrito acima) e pelo seu grau de deslizamento.
Grau 1 - de 0 a 25% de deslizamento
Grau 2 - de 25-50% de deslizamento
Grau 3 - de 50-75% de deslizamento
Grau 4 - de 75-100% de deslizamento
Classificação do grau de escorregamento: espondilolistese
O paciente é melhor tratado se ele consegue compreender (entender) todo o processo. O que é a espondilolistese, qual o risco de progressão, qual o tratamento adequado, quais cuidados ter no dia a dia, quando usar medicação, quando retornar a consulta. O paciente tem papel fundamental do tratamento e é responsável junto com a equipe pelo seu tratamento.
Você precisa discutir com seu médico e equipe todas as opções de tratamento e a sua importância.
Na maioria dos pacientes o tratamento inicial é realizado de forma não-cirúrgica.
Fisioterapia - permite a restauração e manutenção do movimento da coluna de forma que não produza dor. Permite alívio da dor por técnicas específicas. Auxilia de forma importante no alongamento da musculatura lombar e posterior da coxa (normalmente encurtadas). Diversas técnicas dentro da fisioterapia podem ser usadas (Acupuntura, Liberação miofascial, Mackenzie, Pilates, RPG, Osteopatia, etc...) A definição qual melhor método ou combinação deles deve ser discutido com o seu fisioterapeuta.
Medicamentos - são utilizados para o alívio da dor. Os medicamentos não tem a capacidade de "curar” a espondilolistese. Podem ser utilizados medicamentos para dor aguda assim como para dor crônica. Entre eles: antiinflamatórios, opióides, relaxante muscular, anti-depressivos, ansiolíticos e moduladores da dor. Discuta com seu médico e retorne sempre na consulta para ajustes de dose se necessário.
Exercício - o reforço da musculatura chamada CORE é fundamental. Esse grupamento muscular é composto dos músculos do abdômen, lombar, glúteo e posteriores da coxa. Adquirir um tônus muscular (firmeza) nesse grupamento é a chave para o sucesso do paciente com dor lombar. Estes músculos funcionam auxiliando no suporte estrutural da coluna, consequentemente diminuindo a força do peso que passa por cima das vértebras (carga axial). De uma forma simples, esse grupamento muscular funciona como um CINTO OU COLETE, só que de forma natural. Manter o movimento da coluna lombar e da pelve é de extrema importância, por isso, exercícios de reforço assim como ALONGAMENTOS são extremamente importantes.
O exercício físico auxilia no controle do peso do corpo. Pacientes acima do peso, apresentam um aumento de carga em cima das vértebras, portanto a perda de peso ou manutenção do peso ideal é necessário.
Nem todo o exercício pode ser prescrito para o paciente com espondilolistese, por isso sugerimos que você converse com a sua equipe (médico, fisioterapeuta e educador físico) para que um plano de treinamento seja confeccionado para você (de forma individual).
Musculatura do CORE - fundamental para o suporte da coluna.
As indicações da cirurgia são:
Dois são os principais objetivos da cirurgia de coluna na espondilolistese:
Sugerimos que não realize a cirurgia se você não entendeu todo o risco e benefício, assim como todos os cuidados pós operatórios. Pergunte, entenda, discuta, tire sua dúvida: esse é o papel do paciente na tomada de decisão. A decisão é conjunta (você, sua família e seu médico).
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